Por mais que algumas das doenças também sejam frequentes em adultos, o jeito como elas se desenvolvem nas crianças é diferente porque o processo de crescimento delas ainda não está completo. Por isso a importância da ortopedia pediátrica.
As doenças ortopédicas em casos infantis podem ser basicamente divididas em três classes: congênitas, traumáticas, ou adquiridas. Dentre algumas das principais patologias deste grupo estão:
Displasia do Desenvolvimento do Quadril
A displasia do desenvolvimento do quadril é uma má formação congênita que significa que as articulações da bacia não estão corretamente formadas, podendo inclusive estar luxada (fora do lugar). O diagnóstico é feito nos primeiros dias de vida por meio das manobras de Barlow e Ortolani e ultrassom do quadril. As manobras são capazes de detectar as instabilidades no quadril e o ultrassom avalia o formato da articulação. o tratamento deve ser iniciado o mais breve possível é, com o suspensório de Pavlik, que mantem os membros inferiores com alinhamento adequado para o remodelamento do quadril.
Nos casos descobertos tardiamente o tratamento é cirúrgico, de acordo com a faixa etária e o tipo de alteração na cabeça femoral e no acetábulo.
Pé Torto Congênito
O pé torto congênito é uma má formação na qual os pés do bebê são virados para dentro, podendo acometer somente um ou os dois pés. O tratamento para pé torto costuma ser iniciado logo após o nascimento e consiste no método de Ponseti. Este método é composto por uma série de gessos com trocas semanais e em cada troca o pé da criança é gentilmente levado para a posição de correção. Quando o pé está alinhado geralmente é necessário uma pequena cirurgia para alongamento do tendão de Aquiles. Após o alongamento do tendão a criança permanece com um gesso por mais 3 semanas. Após este período é colocada a órtese de Dennis Brown. Nos primeiros 3 meses após o procedimento a criança usa este aparelho o dia todo, após este período usa a órtese por 14 horas ao dia por 4 anos.
Dores de crescimento
As dores de crescimento atingem cerca de 25% das crianças. Mais comum nos membros inferiores, ela não tem causa específica. Os sintomas envolvem dores nos membros, principalmente no fim da tarde e começo da noite.O quadro mais comum é a criança queixar-se na hora do descanso e não durante as atividades físicas. O tratamento é feito com massagens e aplicações de bolsa de água quente no local da dor. Nos casos mais intensos, a criança pode ser encaminhada para sessões de fisioterapia.
Pés Planos
O pé plano, popularmente chamado de pé chato é a condição na qual a criança não apresenta a curvatura natural dos pés, fazendo com que ela apoie todo o pé no chão. Na fase inicial do desenvolvimento é comum as crianças não apresentarem o arco do pé, pois esse desenvolve mais ou menos perto dos 4 anos de idade. Na maioria dos casos de pés planos o paciente não apresenta sintomas. As queixas, quando aparecem, geralmente são na pré-adolescencia com uma queixa de cansaço ou dor nos pés. Quando o paciente apresenta queixa importante está indicado o uso de palmilhas com suporte do arco do pé para melhora do apoio e dos sintomas. Em alguns casos também é indicado fisioterapia. A cirurgia é indicada em casos de pés planos graves, sintomáticos, rígidos ou em casos de pés planos associados a outras doenças (como por exemplo a paralisia cerebral).
Desvios na Coluna (Cifose e Escoliose)
Os desvios na coluna, como cifose e escoliose, ocorrem quando há uma curvatura excessiva associada, na maioria das vezes, à má postura, mas estas duas patologias também podem ter relação com alterações nas vértebras.
Cifose
A cifose acontece quando a parte superior das costas é curvada para frente, causando uma "corcunda". Nas crianças a cifose pode ser tanto flexível, quanto fixa. Na cifose flexível, a criança consegue endireitar as costas quando se esforça. Já na fixa, a corcunda é permanente.
A cifose é uma doença com poucos sintomas, mas pode ser possível que haja dor e rigidez nas costas. O tratamento dos desvios da coluna é feito com fisioterapia, suporte para as costas, medicamentos anti-inflamatórios (em casos de dor) e, apenas em casos mais graves, com cirurgia.
Escoliose
A escoliose é o desvio lateral na coluna vertebral maior que 10º que, por vezes, causa dor muscular e exige esforço para atividades diárias (como caminhar). Nas crianças a escoliose precisa ser tratada para não acarretar em problemas respiratórios e para que não haja problemas maiores durante a vida adulta.
Os sintomas são mais posturais do que físicos: é difícil um paciente com escoliose sentir dor. Já o tratamento é feito com fisioterapia, RPG (Reeducação Postural Global) e uso de suporte para corrigir a postura. Apenas nos casos mais graves (com curvatura maior do que 50º) e nos quais não houve resposta com o tratamento conservador, é indicada cirurgia.
Fraturas
As fraturas costumam ser comuns durante a infância e nem sempre são causadas por trauma de grande energia, por isso é importante atenção dos pais.
A recomendação é levar a criança imediatamente ao ortopedista infantil, mesmo em traumas menores, quando a criança queixa-se de dor ou apresenta dificuldade de utilizar a região afetada para que os primeiros cuidados sejam tomados.
Através de exame clinico e de imagem é determinado se a criança tem uma contusão (pancada) ou uma fratura. Nos casos de contusão são utilizados analgésicos e gelo. Quando os exames de imagem confirmam fratura a criança deve ser imobilizada e recebe remédios para controle de dor. Fraturas mais simples são tratadas com gesso e as mais graves com cirurgia. Em alguns casos após o tratamento é necessário fisioterapia. Além do tratamento da fase aguda da fratura idealmente as crianças devem ser monitoradas pelo ortopedista para avaliar o crescimento e desenvolvimento do osso afetado.
Mais Informações
É importante que os pais, ao perceberem qualquer tipo de alteração ortopédica na criança, procurem um especialista em ortopedia pediátrica: o especialista irá diagnosticar o quadro e definir qual é o tratamento mais adequado. Evite medicar a criança por conta própria.